Medicina interna
Evali: a mais nova doença causada pelo cigarro eletrônico
Por Pedro Rocha e Antônio H. Roberti.
Foram confirmados três casos de E-cigarette, ou Vaping, no Brasil nas últimas semanas. Os pacientes usaram cigarro eletrônico com tetrahidrocanabinol (THC) em dispositivos adquiridos nos EUA. Com o aumento de casos, foi dado um nome a doença causada por esse tipo de cigarro: product use–Associated Lung Injury, a mais nova e famosa “EVALI”.
Para controle de casos, foi pedido pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia que os pneumologistas diagnostiquem e classifiquem os pacientes que chegarem com essadoença de acordo com o quadro da segunda imagem.
Os sintomas respiratórios da EVALI costumam incluir tosse, dor torácica e dispneia. Também são comuns sintomas gastrointestinais, como dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia e sintomas inespecíficos, como febre, calafrios e perda de peso.
As alterações nos exames de imagem também são inespecíficas, com predomínio das consolidações e/ou vidro fosco em ambos os pulmões. O aumento dos leucócitos, do PCR e das enzimas hepáticas também é frequente.
O tratamento consiste na suspensão do uso do cigarro eletrônico, medidas de suporte clínico, incluindo oxigênio e, quando necessário, ventilação não invasiva ou invasiva.
O uso dos antivirais e/ou antimicrobiano é reservado para os pacientes com suspeita de infecção concomitante.
A EVALI é facilmente confundida com a doença respiratória causada pelo vírus influenza e, nessa situação, o paciente deve receber antiviral precocemente e colher exames para confirmação desse diagnóstico.
Os pacientes dispneicos ou com saturação de oxigênio inferior a 95%, com comorbidades ou outros fatores, a critério do médico assistente, devem ser internados. Os pacientes ambulatoriais devem ser reavaliados dentro de 24 a 48h.
O corticoide sistêmico pode ser útil em pacientes hospitalizados. No entanto, seu papel ainda não foi avaliado nos pacientes ambulatoriais.
Critérios de classificação para casos de EVALI¹
CONFIRMADO | PROVÁVEL |
Uso de e-cig nos últimos 90 dias. | Uso de e-cig nos últimos 90 dias. |
Consolidações na radiografia ou vidro fosco na tomografia de tórax. | Consolidações na radiografia ou vidro fosco na tomografia de tórax. |
Ausência de diagnósticos alternativos, como:
| Ausência de diagnósticos alternativos não infecciosos. |
Identificação de infecção através de cultura ou PCR, mas os médicos assistentes não acreditam que esta seja única causa da doença respiratória. |
Publicado pela: https://sbpt.org.br/portal/cigarro-eletronico-alerta2-sbpt/